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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

museu de arte contemporânea de Santo André


imagem: júlio césar rossi


MAC Santo André| uma instituição de custo viável que poderá atender a população do grande ABC e baixada santista

Há mais de onze anos, quando o ABC possuia uma paisagem muito diferente da atual, este edifício encontrava-se diferente do estado de abandono atual: teria sido muito mais fácil redestinar a sua finalidade do que será hoje.

Apesar da construção do Terminal Rodoviário Intermunicipal de Santo André ao lado do complexo que está abandonado, da recente atividade de ocupação realizada por Moisés Patricio no local, não há ainda uma destinação para o edifício.

Em 1998 propus que neste edifício fosse criado o Museu de Arte Contemporânea de Santo André. Na época a proposta foi ignorada pelo meio cultural e mais recentemente quando da minha passagem por Santo André, como curador da Casa do Olhar Luis Sacilotto, retomei o projeto mas também não encontrei eco pois durante a gestão do prefeito João Avamileno cogitou-se a possibilidade de transformar o local no Museu do Trabalho. Hoje, o projeto do Museu do Trabalho foi transferido para São Bernardo do Campo e o local continua vago.

Necessidade social e história| benefício a mais de 3.100.000 habitantes


mario pedrosa| MAM SP


Um entusiasta da idéia foi Luis Sacilotto, amigo, mestre, com quem sempre dividi meus anseios criadores, intelectuais e políticos. Embora pouca gente saiba, durante toda a sua vida Sacilotto defendeu a criação de um Museu de Arte Moderna em Santo André, na rua Senador Flaquer. A região carece desta ação. Existem mais de 100 anos de surgimento de figuras históricas para a arte brasileira no ABC. João Dias Carrasqueira, Anita Malfati, o próprio Oswald Andrade que se refugiava em Ribeirão Pires, Paulo Chaves, o último projeto de Rino Levi (edifício do Paço Municipal), influência importante para que surgisse a arquitetura de Jorge Bonfim, por exemplo, e noutras áreas, José Angelo Gaiarsa, Luis Alberto de Abreu. Enfim, de sociedade matriz de uma revolução democrática à revelação de talentos como o do poeta Tarso Meneses de Melo, Sandra Cinto, Paulo Nenflídio, Cleber Albuquerque e outros até a cena importantíssima da vinda de Mario Pedrosa a São Bernardo do Campo para assinar a ficha de primeiro filiado do PT - Partido dos trabalhadores, em São Bernardo do Campo há motivos de sobra para a criação deste Museu que, embora possa ficar situado em Santo André será o motor da difusão das artes visuais e da arte-educação para todo entorno da região e também baixada Santista.

Mercosul| O Museu como Casa das Américas e cidades irmãs

O MAC Santo André pode ainda assumir um papel estratégico na consoilidação da diplomacia entre os países do Mercosul e os continentes já que há numerosos convênios de intercâmbios com cidades irmãs nas cidades do Grande ABC e da Baixada Santista. Outra função fundamental poderá ser a preservação, guarda, captação e difusão da obra de Luis Sacilotto que junto com a coleção de arte concreta do Museu de Houston, nos EUA, passará terá sua imagem veiculada como a de um dos principais criadores da arte concreta mundial em escala global. Ou a cidade assume este papel ou perderá mais um episódio da sua autonomia histórica.

Assumir uma posição arte-política, ético-social

Uma sociedade que perdeu um grande e visionário político como Celso Daniel tem que dar respostas à altura das necessidades de humanização do grande ABC. E para isso é preciso sair do oba-oba, do bairrismo e da diluição das propostas culturais de São Paulo e ir para a prática do conhecimento da arte e da capacidade política para que não passe mais tempo de ruínas neste espaço que simboliza consigo a decadência de uma sociedade que se preocupa com a geração de renda mas não abre caminho para a ampliação dos horizontes de formação, educação e esclarecimento científico, artístico e tecnológico que, simultaneamente, possam beneficiar cidadãos, individual e coletivamente.